1 - Pirâmides financeiras
O marketing multinível, atualização das pirâmides financeiras,
é um dos golpes mais antigos e, por isso, relativamente conhecido pelas
pessoas. Desde a década de 1920, quando o imigrante italiano Charles
Ponzi criou um esquema piramidal envolvendo selos postais, estudiosos
têm se debruçado sobre o tema. Então, vale questionar se o conceito de pirâmide,
de remunerar velhos investidores com o investimento de novos, não escapa
para outras esferas da economia.
O professor da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp, Paulo Van
Noije, fez sua tese de doutorado com esse intuito, intitulada "A realização
econômica no capitalismo como uma grande pirâmide financeira: o papel
do crédito". Segundo ele, o que se entende por "realização econômica"
é em termos microeconômicos, "quando você produz algo e vende isso com
lucro". A partir daí, cabe a pergunta: se todas as empresas almejam
a realização, o que será que está acontecendo para que nem tudo o que é
produzido seja consumido?
Noije também observa outros problemas lógicos, como o fato de a produção
distribuir um poder de compra menor que o preço de oferta agregada, por
conta do lucro. Ou seja, o que permite a equalização entre o preço do
lado do produtor e o poder de compra, do lado do consumidor?
"Existem algumas explicações, e uma delas é o crédito", afirma Noije.
"Em alguns momentos, alguns agentes estão fazendo o oposto, gastando mais
do que, vamos dizer assim, retirando do sistema."
É como se olhássemos o crédito como aquele novo investidor que vai entrar
na base da pirâmide para lubrificar o esquema inteiro. Assim, fica claro
o paralelo que pode ser feito entre bolhas financeiras e pirâmides, o que
nos leva a outro item da lista.
2 - Profissional de investimentos fake
Como as pirâmides, esse tipo de esquema é mais difícil de
ser detectado, à medida que se aproxima de eventos naturais do mercado.
Tanto existem bolhas e pirâmides, como existem profissionais especializados
em recomendações para estes esquemas fraudulentos.
A sugestão da ANBIMA, entidade do mercado de capitais, é consultar os órgãos
oficiais para fazer a distinção. A instituição da qual seu coach de investimentos
faz parte é regulamentada pela CVM e pelo Banco Central? Ele tem certificado
da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores
Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (ANCORD)? Já pesquisou se ele tem bom
histórico no mercado?
Fora isso, vamos pensar mais na macroeconomia. Uma das preocupações de Noije,
por exemplo, está na recuperação da B3 depois dos seis circuit breakers
que introduziram a pandemia no cenário brasileiro. "Subir mais de 60%
em dois ou três meses é muita coisa, mesmo com a taxa de juros em baixa."
Para ele, nesse momento de "saldão" na bolsa de valores, "parece
que as pessoas querem se aproveitar." "Quando abro o YouTube, tenho a sensação
de que querem vender a ideia de ser fácil ganhar dinheiro na bolsa, da mesma
forma que uma pirâmide financeira só existe porque algumas pessoas se convencem
de que ganharão dinheiro rapidamente e com pouco esforço." Concluindo, Noije
teme que algo similar possa acontecer na bolsa, caso as pessoas não se informem
adequadamente.
3 - Clonagem de cartão
Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e
de Capitais (ANBIMA), a clonagem de cartões é uma das piores situações,
"pois a vítima nem aceitou sua participação" no esquema fraudeulento.
Por um tempo, a maior preocupação eram as maquininhas adulteradas de
estabelecimentos fraudulentos, que continham um acessório interno capaz
de ler a fita magnética do cartão e armazenar suas informações, inclusive
com a senha cadastrada. Com esses dados, os golpistas estavam livres para
fazer compras, geralmente de produtos digitais, mais difíceis de
serem rastreados.
Outra forma de sequestrar seus dados é perguntar diretamente a você. Por
isso, tome cuidado ao fazer compras online, certifique-se que o site
é confiável. Além disso, não ofereça seus dados por ligações telefônicas,
mesmo a pretexto de confirmação da sua identidade.
A tecnologia tem evoluído para impedir a ação dos golpistas. Com a popularização
das empresas de maquininhas, a modernização teve que acompanhá-la, ao ponto
de chegarmos na utilização do NFC nos cartões. A sigla significa
Near Field Communication (Comunicação de Campo Próximo, em inglês), tecnologia
vista primeiro nos celulares, mas que agora permite o pagamento, segundo
a legislação brasileira, de compras de até R$ 50 por aproximação.
Preferindo esse método de pagando, você poderá desviar dos esquemas que
dependem da adulteração das maquininhas. Mas a ANBIMA ainda aconselha a
consultar diariamente seu extrato para não deixar nada escapar, e perceber
o problema o quanto antes. Segundo pesquisa da Confederação Nacional dos
Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), pelo
menos 3,65 milhões de brasileiros tiveram seu cartão de crédito clonado
entre março de 2018 e março de 2019, então vale a pena ficar atento.
4 - Certas transações com criptomoedas
Quando ainda eram uma novidade, todo tipo de analista apostava que as criptomoedas
iriam ameaçar o futuro dos bancos centrais e as estruturas monetárias como
conhecemos hoje. Mas com o passar do tempo e sua popularização, o mercado
de criptomoedas, por sua própria natureza marginal - circulando muitas
vezes nos pagamentos do mercado paralelo - foi se enchendo de especuladores.
"É importante que você não se deixe levar por propostas fantasiosas, oferecendo
alta rentabilidade diária sem nenhum risco de investimento", alerta a ANBIMA.
Para quem realmente quer investir em cripto, é preciso pesquisar bem
o tema, e mais importante: escolher uma corretora com boa reputação,
tempo de mercado e devidamente credenciada pela Comissão de Valores Mobiliários
(CVM).
Uma pesquisa da CipherTrace, companhia de cybersegurança especializada em
criptomoedas, mostrou que somando-se hacks, fraudes e roubos, nos cinco
primeiros meses deste ano, o mercado perdeu cerca de US$ 1,4 bilhão.
O ano de 2020 pode ser o segundo com mais crimes envolvendo criptomoedas
já registrado.
5 - Mercado Forex
Forex é um apelido para Foreign Exchange Market, mercado
de câmbio descentralizado, onde é possível fazer ofertas e vender todo tipo
de moeda do mundo. Se você nunca ouviu falar, vale a pena pelo menos pesquisar
um pouco, já que esse é o maior mercado financeiro do mundo. Segundo o Bank
for International Settlements (BIS) o volume médio das transações diárias
no Forex era de US$ 6,6 trilhões, com o adendo de que não existe fechamento,
as operações acontecem 24 horas por dia.
Os números são impressionantes, o que atiça a má fé dos aproveitadores.
"Basicamente, algumas plataformas aproveitam da tecnologia e da sede por
retornos imediatos para transformar essas operações em algo tão aleatório
e não técnico quanto um cassino", avisa a ANBIMA.
O golpista se concentram desse vez nos softwares que deveriam fazer as operações,
e as inimagináveis opções desse mercado ajudam a acorbertar o esquema. Muitas
vezes os aplicativos simulam a realidade por meio de uma programação
prévia, fazendo com que o investidor se sinta ganhando grande, enquanto
tem perdas recorrentes menos perceptíveis. Como em um casino a casa sempre
sai ganhando.